Nossa História
SÍTIO MUTUÁ
Lá pelo ano de 1987, o “Seu” Oribe andava procurando um lugar no interior de São Paulo. Vindo do interior ainda garoto e tendo passado a maior parte de sua vida na cidade, ele nunca perdeu a aspiração de estar conectado às coisas do campo. Ronaldo, o filho mais velho, em suas andanças por aí, achou o Sítio Santo Antônio, uma propriedade lá em Artur Nogueira. Seu Oribe e Dona Maura foram lá dar uma olhada, gostaram do que viram e deu negócio. E assim começa nossa história com o lugar.
O que encantou no lugar foi seu potencial, sua tranquilidade e sua simpatia. Havia água abundante, uma produção estabelecida de laranjas e tinha um bom astral.
Seu Oribe queria um lugar pra reunir a família, fazer os churrascos que tanto gostava e curtir um pouco a aposentadoria. Mas como não sabia ficar quieto, ele tinha que ter sua oficina e “trabalho”. E lá havia tudo necessário: um trator antigo, 3.000 pés de laranja, funcionários. Ou seja, um lugar de lazer e que idealmente, deveria gerar alguma renda. Essa era sua estratégia.
Seu Oribe era danado com as ferramentas, trocava o cabo da panela preferida da Dona Maura, o assoalho de carreta, a porta de aço. Consertava trator e até afiava ferramentas - muitas herdadas do pai, marceneiro de mão cheia. Dona Maura cuidava da casa e da família que ia crescendo. Com o casamento dos filhos (Ronaldo & Teresa e Reginaldo & Marizi) chegaram os netos: o Daniel e a Natalia, filhos do casal Ronaldo & Teresa e Guilherme e Artur, filhos do Reginaldo com a Marizi.
Lá pelos idos de 2000, o Reginaldo começou a se envolver mais com o sítio, ajudando Seu Oribe e a Dona Maura nos cuidados com a propriedade e criando os cachorros, presença constante no sítio e paixão antiga dele e da Marizi. Até aí o sítio seguia sua velha rotina de pequeno produtor, com as dificuldades para produzir e vender, se segurando “na ponta do bambu em dia de vento forte”, lidando com as incertezas típicas do campo.
Por volta de 2010, Seu Oribe nos deixou. Reginaldo continuou tocando a propriedade, agora lutando contra um novo inimigo dos laranjais da região, o “greening”, praga nova, sem remédio e que obriga o produtor a sacrificar a árvore contaminada, sob pena de contaminar os pés e os laranjais ao redor. Infelizmente havia muito ceticismo em relação à praga e muita gente hesitou em sacrificar suas árvores, agravando o problema, a ponto de, em 2015, concluirmos que esta atividade havia se tornado inviável.



E agora? O que a gente faz?
Durante 3 anos tentamos engorda de gado em semiconfinamento, uma atividade que, além de apresentar baixa viabilidade, nada tinha a ver com nosso estilo de vida.
Daí vem o Guilherme, o filho mais velho do Reginaldo, “correndo por fora”. Formou-se em gastronomia, viajou pelo mundo, trabalhou em grandes restaurantes no Brasil e no exterior, se aproximando do mundo da alta gastronomia. Abriu seu restaurante, ganhou Estrelas Michelin e tomou contato com um mundo de produtores de produtos diferenciados, alguns de manejo sustentáveis, outros não. Conheceu criações de animais, como aves e peixes, com técnicas alternativas e projetos pilotos. Aprofundou-se na cultura de café, queijos na Serra da Canastra e teve um sem número de contatos com serviços e produtos, tão comuns e acessíveis fora do Brasil quanto raros por aqui. Eram desafios e oportunidades que ainda não haviam sido completamente exploradas.
Sistema Agroflorestal
Guilherme foi visitando propriedades com formas não-convencionais de produção de alimentos, como frutas da Mata Atlântica e do Cerrado, criação de animais em regime aberto com alimentação diferenciada e, numa dessas incursões, conheceu o Sítio das Mangueiras, do Lucas Faria Machado, agrônomo especializado em Sistemas Agroflorestais. Acompanhado de Sidney, nosso braço direito no sítio, que havia passado 13 anos conosco e boa parte de sua infância em companhia do Vô Oribe e da Vó Maura, quando seus pais trabalharam na propriedade, Guilherme fez um curso ministrado pelo Lucas.
Ao voltar, Guilherme já sabia o que poderíamos fazer. Me convencer foi a parte mais fácil. Convencer o Sidney foi mais difícil, mas conseguiu. Afinal, nestes anos todos já tínhamos cuidado das nascentes, implantado e preservado reservas, cuidado da água. E apesar desses cuidados todos, ainda havia áreas degradadas pelas antigas produções de laranja e criação de gado.
Curso de Agrofloresta
por Lucas Faria Machado
Produção Orgânica
O manejo agroflorestal fez todo sentido para nós. Iniciamos a empreitada em 2016. Trouxemos o Lucas como nosso consultor e cada 6 meses ele nos visita para trocarmos experiências, se tornando nosso guru.
O Guilherme cuidou da nossa imagem e concebeu o Sítio Mutuá. Reginaldo, cabeça de engenheiro, foi cuidando da infra e hoje temos 3 sistemas de irrigação diferentes, sistemas de bombeio, geração de energia solar, apoio à produção, entre outras facilidades. O trio formado por Guilherme, Lucas e Sidney então desenhou o planejamento da implantação do Sistema Agroflorestal, iniciado em 2016. Hoje, com o apoio de outros colaboradores, o Sidney vai transformando nossos planos e sonhos em realidade, além de ser um entusiasta do sistema ao acompanhar, dia a dia, a evolução da propriedade, da qualidade do solo e do potencial de produção cujos resultados e frutos colhemos, literalmente!